Le guide – o guia: 4 dias em Paris? Onde comer à moda francesa

por Cozinha da Márcia

Quatro dias em qualquer cidade são uma amostra simplificada do que uma cidade oferece. No caso específico de Paris, acho muito mais importante visitar os monumentos históricos, a catedral Notre-Dame e comprar um ingresso para o museu do Louvre  para ver a pintura mais famosa do Leonardo Da Vinci – a Monalisa, clique aqui para comprar os ingressos, ou então, visitar os quadros do impressionismo francês no Museu do Quai D’Orsay, também recomendo compras ingressos antecipadamente. A cidade é linda de dia e romântica à noite, principalmente nas margens do rio Sena. É mais segura que as cidades brasileiras, mas é sempre bom ficar de olho. Para quem sabe andar de bicicleta não deixe de alugar uma nos totens espalhados pela cidade. Chama-se Velib, é preciso um cadastro prévio, como as nossas bicis do Itaú e Bradesco, o serviço vai trocar de nome e ganhar bicicletas mais modernas e inclusive elétricas daqui a algum tempo. E em seguida é só pedalar pelas ciclovias à margem do Sena, em 5 minutos já dá para se sentir parisiense. Saiba mais sobre como alugar bicicletas Para comer? Muitas opções sem complicação– boas padarias tem sanduíches e saladas de ótima qualidade e os cafés tem uma comida mais ou menos. Alguns são melhores que outros, mas uma salada ou um pão poilâne – uma fatia de pão com frios por cima, e um bom copo de vinho fazem um bom almoço à francesa. Outra opção ainda para almoço é a “formule” – por um valor entre 15 e 30 euros é possível almoçar uma entrada + um prato principal ou um prato principal + uma sobremesa, recomendo pular a entrada se não estiver em um restaurante recomendado por algum conhecido, elas tem uma tendência a ser com muita manteiga e pouco sabor. Aqui não existe comida caseira em restaurante, na rua come-se comida de bistro, que é uma comida normal para os franceses, em geral uma carne com um molho e um acompanhamento. É só não inventar nada muito complicado com muitos molhos. Aqui molho bom é em pouca quantidade e bem leve.

Vou deixar para falar sobre alta gastronomia em outra ocasião por que é uma outra atividade e requer um preparo específico por parte dos turistas. Muitos dos restaurantes tem longas listas de espera. O Luiz Horta, da Folha de S.Paulo, volta e meia vem a Paris e sempre recomenda lugar legais para comer e beber – a sua especialidade. Por isso, se vem por aqui vale a pena olhar a coluna.

Para se locomover melhor pela cidade é importante saber que Paris é dividida por bairros – chamados de arrondissement – numerados de 1 a 20. Taxi tem um preço que dá para pagar e o metro tem uma rede gigantesca e anda muito bem. Sem medo e com a bolsa perto do corpo. Para comer na cidade vou indicar alguns lugares mais ou menos próximos de onde moro e que é onde boa parte dos turistas costuma visitar. O bairro cortado pelo Boulevard Saint Germain, nunca acho que vale a pena perder tempo indo ao outro lado de uma cidade para comer – pegar metrô ou taxi, apenas para comer.  Por outro lado, atravesso o rio Sena a pé com frequência para comer ou comprar comida. É perto.

Padarias – tem uma rede que ocupa Paris inteira e tem um pão bom – a rede Paul, o café também é bom, tem quiosques também em algum parques e estações de trem. As outras são o Erick Kayser, e o próprio Poilâne que acabou dando o nome a um tipo de pão integral usado para fazer sanduíche.

Cafés – existem dois tipos de cafés em Paris, os lugares que servem pratos leves e tem uma ou outra sobremesa, mas que são mais conhecidos por que foram frequentados por pintores no inicio do século 20 como o Café de Flore e o Deux Maggots, ficam a meia quadra de cada um no Boulevard Saint- Germain. O outro café é na verdade uma confeitaria, com um ambiente mais arrumado, servem pratos leves e doces incríveis. Existem muitos , mas para quem está apenas por quatro dias na cidade os melhores para o nosso gosto brasileiro são o Café Pouschkine, a Angelina, e tem ainda o Pierre Hermé com os seus milhões de macarrons.

Outra moda são as confeitarias especializadas em éclair – a bomba de chocolate – aqui elevada a uma arte delicada e gostosa. Para quem vai até o Centre Pompidou – o museu de arte moderna e contemporânea da cidade, recomendo dar uma caminhada na Rue Montorgueil, comidas e lojas com os famosos secos e molhados de grande qualidade – patês, presuntos, geleias… Do outro lado do Centre Pompidou fica o Marais, o antigo bairro judeu,  na direção da Rue des Rosiers, não perca o sanduíche de falafel e mil saladas do As do Falafel, tem o Rei do Falafel na frente que é igualmente bom. Além de mil e uma lojas lindas de roupas nas redondezas.

Perto do Louvre, no 1o arrondissement tem um bistrô, o Bistrot Richelieu – bistro mesmo, sem frescura. Adoro esses lugares, ninguém te aborrece e você não aborrece ninguém. Turista de passagem não precisa ficar amigo de todo mundo para se sentir do lugar. Até porque o volume de turistas que passa por ano pela cidade não permite muito esse tipo de relacionamento, a não ser com raras exceções. Na Rue de Buci, no 6o Arrondissement, é uma rua mercado, tem dois lugares legais, a comida é apenas um quebra-galho,  – o Atlas para comer ostras, e na esquina com a Rue Mazarine o Café de Buci, com sopas e saladas, aqui o melhor mesmo é sentar em uma das mesas da calçada e aproveitar o sol.

Em frente ao Atlas tem a sorveteria Amorino e na Rue de Seine, logo na esquina, tem o GROM, duas sorveterias italianas imbatíveis. Para tomar um sorvete francês de verdade é preciso atravessar o Rio Sena e ir até o Berthillon, menos cremoso que o italiano, delicioso e, se estiver perto da Rue du Bac, tem uma sorveteria muito boa, Le Bac à Glaces, que na época de aula fica cheia de mães com criancinhas na saída da escola.

Tem uma versão de sorvete bem mais lambuzada servida no Le Soleil D’Or, que é uma espécie de sundae, tem a versão com café – Café Liégois – sorvete de café, calda de café e creme chantili por cima, ou o Chocolate Liégois com sorvete e calda de chocolate e chantili por cima, tudo com sorvete do Berthillon. O lugar fica no que deve ser o ponto mais turístico da cidade – do outro lado da ponte no final do Boulevard Saint-Michel. E ainda assim, em um outro fim de noite comi o sundae feliz da vida assistindo à derrota do Borussia Dortmund pelo Mônaco na Copa da Uefa 2017 – francês é louco por futebol. Nenhum turista, detestam o lugar, nos fóruns dizem que são mal tratados, etc. Vai lá tomar um sorvete no fim da noite, é só para os locais.

No 5o Arrondissement seguindo em direção as faculdades da Sorbonne e ao jardim Botânico, na Rue des Écoles – uma rua larga e comprida, tem a melhor loja da cidade para quem pratica esportes radicais – Aux Vieux Campeur – na verdade várias lojas e com equipamento e roupas bem especializados. Na região, quase sem turistas e com muitos estudantes tem um restaurante/bar italiano bom e simpático – L’Elica, 28 Rue des Écoles, um espanhol que serve tabuinhas de frios e queijos para tomar com vinho fica um pouco antes e do outro lado da rua quase em frente uma ou outra brasserie onde os professores almoçam.

Para experimentar os famosos queijos franceses recomendo as duas lojas que conheço – Barthelémy no 6o arrondissement e no 4o arrondissemnt tem a Ferme St-Alban, na ilha de Saint Louis, uma ilhota no meio do rio Sena, atrás da Igreja da Notre-Dame. Cada bairro tem uma boa “fromagerie”. E tem ainda uma rua  que é um mercado a céu aberto, incrível, no 7o arrondissement – pertinho da torre Eiffel – Rue Cler. Não recomendo comprar queijos no supermercado, a qualidade pode parecer boa a primeira vista, mas não tem comparação com as lojas que aqui são gerenciadas por profissionais conhecidos como afineurs – eles colocam os queijos no ponto certo para serem vendidos quando estão no auge do seu sabor. Aqui na França as pessoas compram pequenas quantidades – pode pedir 50 gramas que ninguém reclama.

Foto:@CozinhaDaMarcia

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