O sorvete italiano perfeito das férias

por Cozinha da Márcia

Hoje é dia de Santo Estevão aqui na Itália, é feriado nacional como o dia de Nossa Senhora da Aparecida no Brasil, tudo fecha e, fora um ou outro museu ou café, o que mais se vê são os poucos turistas observando a arquitetura dos prédios, que são lindíssimas e ao mesmo tempo muito austeras. Os prédios mais antigos tem um pátio no centro e portões de ferro ou madeira pesadíssima. Parece que a briga entre facções políticas era muito braba até a unificação da Itália na segunda metade do século XIX.

Como não faz muito frio, todo mundo toma sorvete pelas ruas. Vestidos com capote e cachecol amarrado no pescoço, mas como o sorvete está a 5 graus celsius e a temperatura do ar a 10 graus, o sorvete é uma delícia e não dá para resfriar ninguém. Precisamos adotar esse hábito aí em São Paulo – não digo no Rio por que é sempre quente.

Pois é, seguindo a recomendação do The Guardian inglês – globalização tem dessas vantagens, fui a uma sorveteria chamada Grom, que só faz sorvetes orgânicos e com as frutas da época – essa semana o sorvete é feito com um tipo de mexerica, mas daqui a um mês começa a safra de outro tipo que é a que será usada.

E nada de sorvete duro, apenas macio. Provei um de café com muito gosto e um de pistache que quase me deixou sem jantar de tanta proteína. Nada daquela corzinha verde pistache linda e 100% artificial do sorvete, aqui também tem desses com essa cor, mas não na Grom, apenas a castanhas são usadas. O sorvete fica um pouco marrom esverdeado, mas o sabor é como se comessemos toda uma embalagem de pistaches, sem as cascas salgadas.

No lugar de ficarem armazenados à mostra da freguesia, os sorvetes ficam em uns tubos de aço inox, como nas sorveterias de interior, quando ainda faziam os seus próprios sorvetes. A última vez que vi um balcão desses foi em Tietê, no Estado de São Paulo. E lá também já devem ter trocado os tanques pelas embalagens plásticas, esses baldes brancos que sempre parecem meio usados e reciclados demais deixando a geladeira da sorveteria com uma má aparência, embora em alguns casos o sorvete seja quase bom. Para fazer o sorvete durar mais tempo gastam muito dinheiro comprando alguns pozinhos mágicos que em nada ajudam a untuosidade do sorvete.

A máquina usada é a mesma de sempre, que os italianos inventaram, e aqui como aí tem a mesma qualidade e constância de movimentos, o que muda é sempre a qualidade dos ingredientes, que para melhorar ainda mais a nossa vida, são orgânicos, da estação e sem acrescentar químicos, só o açúcar e o açúcar invertido para permitir que os grãos de gelos fiquem invisíveis e o sorvete muito cremoso.

Grom – sorvete como antigamente

Para quem quiser uma lista mais completa, e acho que vale a pena, o blog The walks of Italy tem uma lista boa de toda a Itália.

A foto do vendedor de sorvete é do V & A Museu, em Londres – e o site de onde foi copiada pede que indiquemos o seu código: exodus2013.co.uk

 

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