Estou em Paris no começo de outubro de 2018, pela primeira vez em muitos anos chego bem na semana que a cidade recebe a Semana da Moda e o Salão do Automóvel. A cidade, segundo os aplicativos para reservar hotéis e a recepcionista do hotel, está sem um quarto livre. Ela sabe, outros hotéis não param de ligar para saber se tem alguma desistência. Portanto, para quem quer visitar a cidade é melhor escolher outra data.
O outono na cidade é lindo, só que como acabou de começar ainda faz calor e o tempo é de mormaço, sem sol e nenhuma brisa. Eu estou aqui para fazer um curso intensivo de pães no Cordon Bleu.
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Desisti de tentar acertar o meu levain – o fermento feito em artesanalmente, o que eu faço sempre amargo e não azedo e ácido como gosto. Eu tive um levain que durou muitos anos e tinha um sabor acridoce na medida, só que fiz a grande bobagem de jogá-lo fora, pior que isso só terminar com namorado para depois descobrir que ele, afinal, era um cara bacana. Mudei de casa, tentei criar outros e nunca mais acertei. Espero que agora com minhas aulas eu consigo algum resultado. Nada como os pães do Luiz Américo Camargo.
Para quem gosta de fazer pão e não o conhece está na hora de acompanhar o seu trabalho e aprender com ele, são anos de carinho e dedicação. Faz muitos anos que levei um pouquinho para a superchef Anissa Helou,@anissahelou, um pouquinho do seu levain, só para vocês terem uma ideia de como deve ser bom.
O Cordon Bleu fica no Paris 15, o que não é bem um lugar para turistas, porém é talvez um dos melhores lugares para quem realmente quer se hospedar entre os moradores de Paris. Fica atrás da Torre Eiffel – numa região chamada Beaugrenelle, e o Javel. O bairro ocupa as áreas do Quai de Grenelle e o Quai André Citroen, isso mesmo, no começo do século 20 tinha uma fábrica. A poucas quadras do Rio Sena, onde tem um porto e um parque.
Mapa do bairro de Beaugrenelle com a localização do metrô Charles Michel
Estou dando todas as essas explicações porque aqui, além da Torre Eiffel, é possível encontrar um bairro delicioso quando de frente ao Rio Sena, andamos para a esquerda, e para dentro, só poucas quadras, bem pouquinho só até o metrô Charles Michel. Ali para os cariocas fica fácil explicar – parece o Leblon na região perto do Shopping Leblon. Tem também um shopping ótimo com todas as marcas de preço médio – Claudie Pierlot, Maje, além de uma H&M, UNIqlo, etc. O shopping tem uma área de alimentação que na hora do almoço fica cheia de crianças e adolescentes.
Seguindo um pouco ou melhor bastante mais para a esquerda pela margem do Rio Sena chega-se a Pont Javel, em frente a estação de metrô Javel, uma ponte do começo do século 20, quando a fábrica da Citroen foi aberta, enfeitadas com estátuas art-decô nas suas colunas, muito interessante. Não tem aquela coisa toda dos séculos 17 e 18 com tetos ou colunas de ouro, mas os dourados também são recentes, coisa para os turistas do século 21, em geral ficavam escondidos pela fuligem, com uma cor entre o cinza e o esverdeado. Vai lá ver como os franceses vivem, nas regiões do 5º, 6º, 1º e 2º arrondissements, que são lindas, só tem turistas.