Passei quatro dias em Madri, a capital da Espanha. Fui para conhecer dois de seus museus. O primeiro, o Museu do Prado, tem uma coleção incrível de quadros da Renascença e dos séculos XVI e XVII. Justamente o período em que o país, após expulsar os mouros que lá viveram por quase mil anos, se reunificou com o apoio da Igreja Católica e saiu pelo mundo, conquistando regiões que hoje são a América Latina, a América Central, parte do Caribe e parte da América do Norte – México e grande parte da Califórnia foram parte desse gigantesco império. Foram ao Oriente, tiveram uma colônia nas Filipinas.
Pelo tratado firmado em 1494 entre Portugal e Espanha na cidade de Tordesilhas, tudo – terras e mares que ficassem a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde seria propriedade da coroa espanhola, incluindo parte do Brasil amazonico e ao sul os atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As terras a leste seriam portuguesas – parte do Brasil, a Africa, a Índia e uma séria de ilhas da região. A princípio os portugueses ganharam o comércio de especiarias, os espanhois ficaram com o ouro dos aztecas e logo em seguida com a prata peruana. A coroa espanhola enriqueceu muito.
Além disso eram donos de meia Europa – atuais Bélgica, Holanda, parte da Alemanha, da Itália – a região de Nápoles e a Sicília. Assim, tinham acesso a grandes pintores como Rembrandt e Rubens e na própria Espanha desenvolveram-se grandes talentos como Velasques e Goya. E as obras que pintaram, em um volume enorme, estão lá no museu. Retratos e retratos e grandes cenas cristãs, todos excepcionais. Quadros do pintor italiano Fra Angélico pintados com delicadeza encantadoras, naturezas mortas, a lista é enorme e a beleza das obras nem se fala.
Para ver tudo isso, não adianta correr. Chegue tarde, almoce tarde e no fim do dia saia para beber um copo de vinho – eles tem muitos e com muita qualidade, deliciosos, para acompanhar pequenas tapas – tira-gostos ótimos. Diferente do Brasil, onde as comidas enlatadas não tem grande qualidade, os espanhóis criaram uma indústria de latinhas cheias de peixes, mariscos, e patês delicadíssimos. É possível e recomendado, alguns bares se especializam nesse tipo de comida – vinho e uma latinha de anchovas, ou polvo bem temperado. É a hora de conversar e muito. Olhe as mesas ao lado e veja como as pessoas tem muito assunto. E aproveite para copiar o que estão comendo.
Os mercados são bons lugares para se comer e para se comprar comidinhas típicas. Também tem maior variedade de espécies do que os brasileiros – a foto mostra doze tipos diferentes.
Eu só tive tempo de visitar os mercados a seguir:
Mercado San Anton, Calle Augusto Figueroa, 24 b.
Mercado Anton Martin, Calle de Santa Isabel 5.
O jornal inglês The Guardian tem a lista dos melhores mercados para se visitar em Madri.