Bolo preto de frutas secas da Ilha da Madeira

por Cozinha da Márcia
Bolo Preto. Foto: Marcia Zoladz

A receita do bolo preto chegou ao Brasil da Ilha da Madeira, em Portugal, ainda no período colonial. Ela é muito antiga, e é baseada numa receita de um pão com especiarias europeu. Provavelmente, ela chegou ao país junto com os primeiros imigrantes cristãos novos. Temos também algumas pistas sobre a sua data – ela deve ser do século XVI, ou início do século XVII.

É que nesse período iniciou-se a produção de dois de seus ingredientes – o açúcar de cana e o melado de cana. Os dois produtos começaram a ser produzidos em larga escala – e para exportação, justamente nessa época na Ilha da Madeira. A ilha foi uma área de teste para um modelo comercial o qual mais tarde também foi implantado no Brasil.

Eram os chamados engenhos  de cana, diferentemente do seu  nome em inglês – plantation –  ambos os nomes caracterizam um modelo de negócio baseado exclusivamente no trabalho escravo. Plantava-se a cana e produzia-se o açúcar, e outros  derivados como o melado, ou a cachaça em um mesmo lugar. Foi nesse período que começou o terrível  processo da diáspora africana.

Como o bolo foi para outros países?

Em 1665, os portugueses expulsaram os holandeses de Pernambuco onde haviam  estabelecido  uma colônia. E, nessa ocasião uma parte daqueles cristãos novos que viviam aqui na  região do Recife, imigrou para a ilha de Curaçao, no Caribe. Naturalmente, a receita do bolo preto foi levada com eles para a  ilha caribenha de onde se espalhou por outras ilhas da região.

Porém, o bolo continuou a ser preparado sobretudo para festas. Como utiliza passas e outras frutas secas, além de especiarias que até hoje são importadas. O o seu preço era, e ainda é,  um pouco mais caro.  Pode ser também que a receita já tenha chegado por aqui como a de um bolo para ser preparado em períodos de festas.

O mais interessante é que o bolo preto,  ainda que com pequenas alterações, sobreviveu  até os dias de hoje. Por exemplo, além de ser o bolo típico da Ilha da Madeira, ele também ainda é preparado em Recife, no estado de Pernambuco. Lá, ele é conhecido  como bolo de noiva. Já na Jamaica é conhecido como bolo preto, o mesmo nome que na Iha da Madeira.  Após mais uma onda migratória, o bolo preto chegou à Nova Iorque, onde a comunidade caribenha local o prepara para o Natal e em casamentos, porém o vinho Madeira foi  substituído pelo rum.

O que é o  vinho Madeira

A produção de vinho na Ilha da Madeira começou no século XV. Porém, apenas a partir do século XVII, com a expansão colonial houve um aumento das exportações. E nesse momento, ocorreu um fato extraordinário o qual fez a fama do vinho. As caixas de vinho eram embarcadas na Ilha da Madeira no início da viagem. Em seguida, os navios se dirigiam para a Índia, e apenas na volta o vinho era entregue em Lisboa. Como permaneciam nos porões dos navios durante todo esse tempo,  e a viagem poderia durar até um ano, o vinho amadurecia e ganhava o seu sabor característico. Ao atravessarem os trópicos, o calor dos porões e o balanço do mar transformavam o seu sabor. Atualmente, esse efeito da viagem até a Índia – é reproduzido nas vinícolas.

Para aumentar o teor alcóolico do vinho Madeira, o vinho é fortificado depois de fermentado. Fortificar quer dizer acrescentar uma bebida destilada ao vinho fermentado.

Aqui @cozinhadamarcia preparei o bolo da foto para servir na ceia.

 

Bolo Preto. Foto: Marcia Zoladz

Bolo preto de frutas da Ilha da Madeira

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Porções: 12 porções Preparo: Cozimento:
Informações nutricionais 200 Calorias 20 grams Gordura

Ingredientes

  • 1 xícara de vinho Madeira (se não tiver use rum envelhecido)
  • 1 + 1/2 xícara de frutas cristalizadas: passas pretas sem caroço, passas brancas, ameixas secas sem caroço, cerejas ao marraschino, nozes e amêndoas picadas
  • 1 xícara de farinha de trigo
  • 1 colher de chá de fermento em pó
  • 1 / 4 de colher de chá de sal
  • 1 / 2 colher de chá de cravo em pó
  • 1 colher de chá de canela em pó
  • 1 / 4 de colher de chá de noz moscada ralada
  • 1 colher de cha de casca de laranja ralada
  • 1 xícara | 200 g de margarina ou manteiga
  • 1/4 de xícara de melado de cana
  • 1 xícara de açúcar mascavo
  • 2 ovos e 1 gema
  • 1 colher de sopa de farinha de rosca

Instruções

Os ingredientes estão listados na sequência que deverm ser utilizados.

Coloque as passas e demais frutas em uma  tigela pequena e molhe com o vinho Madeira. Aqueças as nozes e as amêndoas em uma frigideira para retirar a umidade, e reserve para utilizá-las acrescentá-las a massa do bolo.

Ligue o forno bem baixo. Misture em uma tigela a farinha, o sal, o fermento. Misture as frutas com as especiarias  em outra tigela.

No forno de microondas, aqueça a margarina com o melado por aproximadamente 30 segundos.

Bata o açúcar com os ovos e a gema até obter uma massa homogênea. Siga batendo enquanto a mistura de manteiga e  melado esfria. Assim que a mistura de manteiga e melado esfriar, acrescente-a a mistura com os ovos. Bata um pouco. Junte a mistura de farinha e bata por um minuto com a batedeira. A massa deve ficar homogênea e grossa. acrescente as especiarias e a casca de laranja ralada.

Desligue a batedeira. Acrescente as amêndoas inteiras e as nozes picadas. Polvilhe as frutas com uma colher de sopa de farinha de trigo, assim elas irão se misturar com a massa sem depositarem no fundo da forma.  Por último, acrescente as frutas bem misturadas com as especiarias e o vinho que sobrar na tigela. Espalhe-as bem dentro da massa.

Coloque a mistura do bolo em uma forma (22 cm de diâmetro) com o fundo forrado com papel manteiga, untada e polvilhada com farinha de rosca. Para o papel manteiga não ficar escorregando enquanto a forma é untada, faça antes dois ou três pontos de margarina no fundo. Em seguida coloque o papel cortado no tamanho da forma, unte normalmente o fundo por cima do papel e as laterais e polvilhe com farinha de rosca.

Asse no forno médio, 200o C, por 45 minutos ou até o centro da massa sair seco quando espetado com um palito ou a ponta de uma faca. É muito importante retirar o bolo da forma ainda morno para o papel manteiga soltar do fundo.

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