O papo-de-anjo é originalmente uma receita portuguêsa. Porém, a sua origem é muito mais antiga, do século X, quando os árabes invadiram Portugal e Espanha. Este foi um período com muitas inovações na agricultura, o que consequentemente permitiu uma riqueza maior da gastronomia. Trouxeram muitas frutas, legumes, e cereais desconhecidos dos europeus. Só para dar alguns exemplos: implantaram plantações de cana-de-açúcar, pomares com amendoeiras, e quintais com berinjelas.
Agora, os doces portugueses com muitos ovos e açúcar de cana que conhecemos aqui no Brasil, só se tornaram mais conhecidos no século XVI. Foi nessa época que Portugal começou a explorar o açúcar de cana na Ilha da Madeira, e com isso aumentou em muito a sua disponibilidade.
A receita de papo-de-anjo a seguir utiliza farinha de semolina como uma tentativa de recuperar essa origem mais antiga. O resultado é um bolinho mais rústico, porém delicioso. A grande diferença está na massa do bolinho. A massa do doce tradicional é sem manteiga. Só que dessa vez, como disse acima, eu quis aproximar a receita com a do namura – um bolo umedecido com uma calda de açúcar muito apreciado nos países do Oriente Médio. A receita é provavelmente a origem do papo-de-anjo – um bolinho banhado em uma calda de açúcar e água de rosas.
É claro que existem outras possibilidades para a origem do papo-de-anjo, e uma receita não se transforma, ou evolui, por séculos sem ter muitas influências em sua composição.
Veja a receita de bolo de semolina da Cozinha da Marcia
Veja aqui a receita de pão-de-ló tradicional