Natal: o livro de receitas e a biografia de Alice B. Toklas

por Cozinha da Márcia

Eu morei por um ano na California, onde estudei design gráfico. A carreira na cozinha foi uma virada na minha vida que só veio muito depois. Mas, foi nessa época –  que ouvi falar pela primeira da Gertrude Stein (1874 – 1946). Ela foi uma novelista norte-americana, auto-exilada em Paris, que amiga de todos os bons pintores do final do século 19 – principalmente de Paul Cézanne (1830 – 1906) e de Pablo Picasso (1881 – 1973).

Ela era adorada na minha escola – o California College of the Arts. Em parte por sua capacidade de inovar na escrita da língua inglesa, mas também por sua insistência em acreditar que o seu trabalho era bom. Além de ser escritora, ela foi a primeira norte-americana a divulgar o trabalho de pintores impressionistas, pós impressionistas, fauvistas, cubistas. Foi também responsável por divulgar o trabalho desses artistas para os Estados Unidos.

Esse interesse local vem em parte  porque ela e seus irmãos eram grandes colecionadores de arte moderna. E afinal, estávamos em uma escola de artes. Além disso, a sua família morava na cidade de Oakland, Califórnia, onde funcionava o campus antigo. Atualmente, o CCA é na cidade de São Francisco.

Alice B. Toklas e Gertrude Stein

Assim, eu li quase toda a sua obra, bem como a de muitos outros escritores que passaram por sua vida , tanto como afetos como desafetos. Ernest Hemingway (1899 – 1961), o autor norte-americano era um deles. Pois bem, Gertrude foi casada a vida inteira com a Alice B. Toklas, a quem competia cuidar da casa e cozinhar. Alice foi o personagem principal de uma autobiografia escrita em seu nome por Gertrude, deliciosa.

Vale a pena ler, hoje menos pelo seu estilo que nos parece muito normal, mas que na ocasião rompia com as regras tradicionais dos relatos lineares e, sobretudo cheio de excesso de elogios. Adoro! Alice / Gertrude fala mal de todos com quem se indispôs. E nos entrega preciosidades sobre o que era a vida de artista – a sua empregada se recusava a preparar uma omelete para um pintor por ter pouco dinheiro. Coitado, só comia ovos mexidos.

Alice, já bem velhinha, e não mais e não mais Gertrude, juntou as suas receitas e as publicou em  um livro. As receitas são boas, e ainda ficam melhores quando descobrimos que o genial Picasso também gostava da sua comida. Recomendo o livro, mas é mais saboroso acompanhado pela Autobiografia de Alice. B. Toklas.

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O retrato da Gertrude Stein nesse post foi pintado pelo Pablo Picasso em 1906

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